O RIO GRANDE ESTÁ SOFRENDO

sábado, 20 de outubro de 2007




Sempre que o verão começa as águas do Rio Grande diminuem seu fluxo. Mesmo com as longas estiagens o rio nunca secou tanto.

Durante muito tempo acreditou-se que a quantidade de rios que circundam o país seria capaz de anular as agressões que a ação humana lhe impõe. Agora diante de uma série de fenômenos recentes e inesperados, o próprio Rio Grande alerta para uma situação muitíssimo grave: o rio está doente e, infelizmente pode ser que tenha ultrapassado a sua capacidade de auto-regeneração.
O Rio Grande se confunde com a própria história da origem de Barreiras, sendo fundamental para o seu surgimento. Faz parte do legado que natureza condecorou a cidade, um título vivo e importante para a vida dos que aqui cresceram e não vêem o seu patrimônio pluvial prosperar.
Evidentemente, a ação do homem é decisiva para a deterioração das águas: a quantidade cada vez maior de resíduos da atividade humana que vão parar no Rio Grande; o conteúdo das fossas e tubulações de esgoto doméstico, os dejetos industriais, os fertilizantes e as substâncias químicas usadas na agricultura para o cultivo da soja e do algodão são alguns dos muitos poluentes desse rio. Tamanha é sua degradação e a cada dia passa percebida até mesmo aos olhares menos atentos dos moradores de Barreiras.
Sempre que o verão começa as águas do Rio Grande diminuem seu fluxo “normal”. Corriqueiramente quase ninguém percebe, desculpam-se nas longas estiagens e mal notam que o rio cada vez mais se distancia da sua margem. As chuvas nunca acompanharam o clima semi-árido da região com muita freqüência, sete meses sem chuva, é o que se registra agora. São longos dias sem “as águas do céu” e mesmo assim o rio nunca secou tanto.
“O Rio Grande corta a cidade de Barreiras formando uma orla fluvial que contorna o Centro Histórico, propiciando a prática de esportes náuticos e a pesca esportiva. Partindo de Barreiras são 551 km navegáveis até a cidade da Barra onde deságua no Rio São Francisco”.
Estas são práticas esportivas ou de lazer que se tornam inviáveis num Rio que se encontra extremamente poluído. Informações como estas são veiculadas em sites que propagam o turismo na região e inclusive no site oficial da Prefeitura de Barreiras. Propaganda enganosa, que fascina os turistas, mas quando estão a contemplar a paisagem percebem o quão foram ludibriados pelo marketing do turismo regional.
Muitas pessoas passam diariamente no cais de Barreiras, algumas passam horas sentadas ali, refletindo sobre a vida ou mesmo num domingo agitado balançam suas águas ao som de “carros elétricos”, fazem comentários isolados, mas ficam só no discurso emblemático, enquanto isso onde estão o IBAMA, a AMINA, o CONDEMA, a Secretaria do Meio Ambiente ou CRA que não tomam providências visíveis sobre essa situação? Afinal, este é o papel de vocês!
O Rio Grande é considerado o maior e mais importante afluente da margem esquerda do Rio São Francisco. Recentemente teve em Barreiras uma Audiência Pública em Defesa da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, muitas autoridades, representantes de órgãos ambientais, munícipes e uma parcela da comunidade estiveram presentes, ouviram e viram os resultados da visita técnica na região. Dados alarmantes foram apresentados. O que fazer? Alguns passos já foram dados, é preciso agora que ações emergentes sejam tomadas e que o descaso de todos transpasse o aparente sentimento de perda e lástima, e se tornem sérias ações corretivas.
Barreirenses, está na hora de olhar mais profundamente o Rio Grande!

“Ultimamente a venda de peixe está muito fraca, só tem Curimatá para oferecer e mesmo assim com 25 cm. Esse é um dos exemplos de como o Rio Grande está morrendo e a pesca sem consciência também está contribuindo para o seu fim.” Hélio Pereira, vendedor de peixe no cais.

“Esta é a pior época de todos os tempos. Antigamente era fácil encontrar peixes como Pocomom, Dourado, Surubim, hoje é uma raridade. O rio está secando e se continuar assim, daqui uns cinco anos ele não vai existir mais.” Dema, pescador do Rio Grande a mais de 30 anos.

Respeito ao Meio Ambiente. Cultive essa idéia!

Várias formas isoladas de manifestação em defesa ao Rio Grande aparecem em diferentes momentos e épocas, de exposição artística a manifesto popular a temática do Rio Grande é abordada.
As luzes sensíveis dos olhares mais aguçados mostram a indignação sobre a degradante situação desse rio. Algumas pessoas demonstram o respeito e a responsabilidade cidadã de se manifestar por uma causa importante. Como é o caso de Paulo Holanda que há muito tempo reside em Barreiras e tem o Rio Grande como seu vizinho: “Eu penso assim. Temos que fazer qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. A defesa da preservação do Rio Grande, esplendoroso tesouro, graça divina, ora ameaçada pela ação desordenada do uso do seu líquido precioso. A água do rio necessita de ajuda”.



Fonte:novoeste

0 Comments: